capítulo sete: sustentabilidade: práticas culturais na relação com o mundo capitalista


o valor do artesanato indígena

até 1975, os brancos não valorizavam o artesanato dos índios;
agostinho manduca kaxinawá, 1985

as práticas culturais indígenas já são bastante reconhecidas no mundo ocidental;
são muitos os exemplos desse reconhecimento;
entre os indígenas, esse diálogo com a sociedade não-indígena através de suas práticas culturais tem se fortalecido;
as próprias comunidades, através de suas associações e cooperativas, produzem seus vídeos com práticas da cultura, discos de músicas tradicionais e festivais em que recebem visitantes de todos os continentes;
o encontro de culturas indígenas de 2008 foi a mais recente experiência disso;
assim, muitas dessas comunidades estão investindo no fortalecimento de suas práticas artesanais e resgatando técnicas que já não eram mais praticadas;
é inegável que a tradição indígena consiste numa ponte entre os povos indígenas, assim como do universo indígena com o mundo ocidental;
a valorização da cultura indígena no mundo ocidental tem aberto perspectivas na economia dessas comunidades e proporcionado o desenvolvimento de projetos de produção e comercialização de artesanatos;



atividades
comente os projetos de comunidades indígenas que você conhece voltados para o fortalecimento de práticas culturais (festas, festivais, encontros)

descreva os projetos em andamento na sua comunidade que estão envolvidos no resgate e no fortalecimento da aprendizagem de técnicas de fabricação de peça artesanais (cursos, encontros, intercâmbios)





sustentabilidade
nós temos várias maneiras de sustentar a nossa comunidade para comprar alguns materiais que tem que trazer de fora como sal, munição, terçado, machado e outras coisas; a gente trabalha com artesanato e com sementes; trabalhar com o plantio de feijão e milho não deu certo, a gente parou e passou para o artesanato;
uma coisa que nunca aconteceu foi encalhar ou ficar armazenado ou estragar; todo o artesanato que a gente faz, vende; quando a gente trabalhava com o artesanato na associação, nunca faltou seis ou cinco mil na conta; o artesanato é um produto bom para o nosso povo comercializar, é uma economia forte;

isaac pianko ashaninka
fonte: índios no acre, história e organização: cpi/opiac: 2002


a resistência à sociedade de consumo capitalista
na história dos povos indígenas, a economia persiste como um campo de resistência crucial na afirmação de suas práticas culturais;
a resistência indígena ao consumo de cultura ocidental se reflete hoje numa consciência dos limites dos recursos naturais e mesmo numa postura de respeito com o planeta;
esse respeito tem suas raízes numa ética generalizada nas cosmologias e no novo pensamento ameríndios;
a criação de alternativas econômicas que evitem reproduzir nas aldeias o modo de vida ocidental está no centro do projeto dessas comunidades;



atividade
comente os projetos de produção que você conhece voltados às práticas culturais, os quais colaboram na economia das comunidades indígenas (cooperativas, associações, parcerias, lojas, feiras, mostras);





restrições 4
circulação de conhecimentos


outro tema que apareceu em nosso debate foi a questão da relação dos mais velhos com os conhecimentos dos antigos;
segundo manoel sabóia, os velhos possuem sua posição: se você não me perguntar, eu não vou ensinar;
isso cria a primeira dificuldade para os mais novos: eles devem ter a iniciativa de ir em busca do conhecimento, de se interessar, de questionar, de memorizar;
por outro lado, além dessa posição mais tradicional, há ultimamente uma postura dos mais velho de reservar os conhecimentos;
essa atitude tem sido motivada por diversas razões, entre as quais: as experiências com pesquisadores brancos, comercialização indevida de certos conhecimentos, leis sobre conhecimentos tradicionais etc;
segundo os educadores: alguns velhos cobram, pra que ele vai ensinar, só se for em troca de pagar ele, e bem pago, para ter acesso a alguns conhecimentos;
mesmo em algumas comunidades, os mais velhos questionam os próprios parentes: contar pra quê, o que vai fazer com isso etc;



converse sobre isso com os mais velhos e reflita sobre essa questão e sua comunidade: